terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tempos Antigos

Serelepemente, tomamos o bonde para ir à Praça Afonso Pena caminharmos em uma bela manhã de domingo. Mal sabiam nossos pais que estávamos fugindo da chatérrima missa do Padre Antônio Vieira para namorarmos escondidos na tijuca.
Comíamos pipoca de mãos dadas, caminhávamos sem rumo pelas sombras da praça, nossa única preocupação palpável era não sermos acertados pelos balaços disparados pelos pequenos craques de rua. Bons tempos em que "balaços" e "Craque" ainda podiam ser usados na mesma frase sem despertar arrepios.Alimentávamos despreocupadamente entre risinhos bobos e apaixonados os pombos que lá habitavam. Tanto amor nós tínhamos que nem nojo dos ratos do ar nós sentíamos.

Fazia em ti e ao mesmo tempo em mim todos os carinhos do mundo, mas nem todos eram capazes de amenizar o meu ego por estar ao teu lado.

Sentávamos nos belos bancos verdes oliva e tal qual namorados, assistíamos as crianças brincarem de pique e eu galhofamente sussurrava em teu ouvido " Enquanto as crianças brincam de pique, nós jovens deveríamos estar brincando de pega."

Fugindo de seu tímido tapinha ruborizado, me levantava e trazia-a junto a mim para darmos mais uma volta pela Praça dos Amantes. Fazíamos planos nas nuvens cor de algodão enquanto comíamos doce de algodão rosa, rosa como a cor das maças de seu rosto corado pelo sol do meio dia.


Ahh doce e triste tempo! É hora de voltarmos, pegarmos o bonde para copacabana e só nos reencontrarmos nas intermináveis aulas de literatura do Ginásio Nacional. Ahh doce e cruel tempo, por que comportava-te assim? O tempo contigo deixava de ser um claustro e tornava-se um doce passa-tempo.

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